Quem frequenta o Litoral do Paraná sabe bem que as estradas são um dos principais problemas da região. A falta de infraestrutura adequada de transporte faz com que o acesso às praias seja desconfortável e caro.
Começando pela BR 277, principal rodovia entre Curitiba e o
Litoral. A estrada é uma beleza, mas o pedágio é um assalto: R$ 15,40 por um
trecho de 90 km. Trechos maiores, como o acesso à Santa Catarina pela BR 376
custam menos de 10% disso. Herança maldita do desgoverno de Jaime Lerner, cujos
sucessores não conseguiram aliviar.
Além disso, pela BR 277 chega-se a Morretes (quase) e a
Paranaguá, mas não às praias. Se você for a Matinhos (inclua-se Caiobá), sua
vida vai ser quase tranquila. A rodovia PR 508, a chamada Alexandra – Matinhos é
dupla, apesar de não ter acostamento. Os engarrafamentos são limitados à volta
nos domingos e aos fins de feriados mais concorridos da temporada. Mas se você
vai à Pontal do Paraná (Praia de Leste, Canoas, Santa Terezinha, Ipenama,
Shangrilá, Atami, Pontal do Sul, etc.) ou à Ilha do Mel, prepare-se.
Indo pela PR 277, quase chegando a Paranaguá, fica o início
da PR 407, uma rodovia em bom estado, mas simples. Incapaz de suportar a
demanda que se apresenta. Ela tem 19 km e liga a BR 277 e Paranaguá às praias e
à PR 412. A PR 412, por sua vez, é a rodovia que costeia todo o Litoral
urbanizado do Estado, de Pontal do Paraná à divisa com Santa Catarina em
Guaratuba. Esta, assim como a PR 407, também não suporta a demanda de tráfego
durante a temporada, com o agravante que atravessa trechos altamente povoados e
é cheia de lombadas.
A PR 412 ainda tem mais um problema, se é que se deve chamar
assim a belíssima baía de Guaratuba. Para atravessar de Matinhos para Guaratuba
é necessário usar o serviço de balsas, também chamado de ferryboat. A travessia custa pouco mais de cinco reais e é outro
ponto de estrangulamento além da própria estrada.
Vindo da Capital ou do interior do Estado, existem ainda
dois acesso possíveis, que são a Estrada da Graciosa e a BR 376 por Garuva SC.
A Estrada da Graciosa tem característica turística histórica, pois é a primeira
estrada construída entre o planalto e o litoral. Ela é estreita e boa parte
ainda conserva o calçamento original. É um belo passeio e uma rota de fuga pra
quem se recusa a pagar o pedágio da BR 277. Mas é lenta e pouco funcional.
O acesso pela BR 376, que vira BR 101 em Santa Catarina é
uma boa opção para quem vai a Guaratuba, mas a partir de Garuva a pista é
simples e os engarrafamentos também são constantes.
Quando se trata de estrada, as reivindicações costumam ser
históricas, pois muito se promete, mas os resultados costumam demorar décadas.
Em primeiro lugar é mais que urgente a duplicação da PR 407.
Os veranistas e moradores de Pontal e Matinhos não suportam mais os
engarrafamentos. Até Paranaguá costuma ser prejudicada. São só 19 km, cinco dos
quais no perímetro urbano de Paranaguá. Aqui se percebe que as falcatruas do
pedágio não se limitam ao preço. Essa rodovia que está sob concessão da Ecovia
deveria ter sido duplicada antes de 2011. Estamos em 2014.
A PR 412 que margeia as praias também precisa de duplicação
com urgência. Em Pontal do Paraná há um projeto de construção de uma nova
rodovia e a PR 412 seria urbanizada (já é) e transformada em avenida para
atender o fluxo local. Há um movimento chamado “Eu Amo Pontal – Estrada Já” que
luta para que esse novo acesso a Pontal saia do papel. O projeto é do Governo
do Estado.
Há também um movimento pela construção de uma ponte ligando
Matinhos a Guaratuba, substituindo as atuais balsas (ferryboat). Aliás, essa é
outra reivindicação de décadas. As estradas de acesso a Morretes, Antonina e
Guaraqueçaba (esta última ainda é de terra) também precisam de cuidados. Vários
trechos não tem acostamento, mas a situação nem se compara com a das estradas
praieiras.
Penso que esse momento de campanha eleitoral é propício para
que se estabeleçam novos compromissos para essas velhas reivindicações. Mas,
acima de tudo, os moradores precisam assumir cada vez mais o protagonismo
nessas batalhas. Promessas nunca faltaram. Se não as cumprem é por que não se
sentem cobrados.
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