As crianças do Grupo Mestre Eugênio. |
O Fandango Caiçara, patrimônio imaterial nacional reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), finalmente vai ter um programa de rádio em Paranaguá. É sério, gente! O ritmo típico local, que leva multidões aos bailes, que tem mais de 300 anos de tradição, nunca teve um programa a ele dedicado. Se teve, por favor me corrijam.
E não só que nunca teve um programa, é pior. As rádios ignoram solenemente a existência do ritmo Caiçara. Não dá para entender. É uma música alegre, que faz parte da vida da cidade. Não se trata de fazer folclore ou manter uma tradição. É bom e pronto. As rádios estão perdendo dinheiro e audiência insistindo no sertanejo universitário, que pouco tem a ver com a vida das pessoas daqui.
E para quem acha que só há as modas antigas, de domínio público, precisa se atualizar. O Aorélio Domingues, o Cleiton Prado e outros mestres têm composto modas novas, falando da vida dos pescadores e do povo caiçara em geral. Quem não presta atenção a isso está perdendo o trem da história.
Oficina de Rádio
O programa de Rádio do Fandango será veiculado pela Litoral Sul FM aos sábados pela manhã. A produção será feita por pessoas ligadas à cena fandangueira local. E para preparar os futuros radialistas, será realizada uma Oficina de Rádio Fandango.
A Oficina será nas sextas e sábados do mês de março, com início já neste dia 08/03. Os encontros serão na Associação Mandicuera, no Bairro Sete de Setembro, na Ilha dos Valadares. O curso é gratuito, e as vagas limitadas. As aulas serão ministradas por Janaína Moscal. A inscrição pode ser feita pelo telefone 41 98450 0170, com Mariana.
Mais que bem-vinda, essa iniciativa é vital. Não só para a cena Fandangueira, mas para a cultura do povo parnanguara. É uma manifestação artística muito rica que pode ser a chave para o desenvolvimento do turismo e para o bem-estar comum. Pouquíssimas cidades no mundo têm esse privilégio de ter uma música própria, alegre, festiva e questionadora. Estamos desperdiçando nosso maior patrimônio.
Estivemos na Associação Mandicuera no domingo. Fiquei emocionado em ver toda a família Domingues tocando Fandango juntos. Todos. Helen, Laura, Taquinha e Elysson. Mãe, pai e filhos de viola, machete, caixa e rabeca nas mãos. Ainda tinha o Aorélio, a Mariana Zanette e as gêmeas, Luma e Malu acompanhando. Que seja assim. A música das famílias e do povo de Paranaguá. Amanhece!
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